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António Ventura Porfírio (1908-1998)

Casou em 6 de Junho de 1935 com Maria Benedita Serrano Gordo, filha de José Tomás Gordo e de Maria Benedita Serrano.  Do seu casamento houve um filho com o nome de seu pai José Luís Porfírio, em Queluz no ano de 1943, o qual seguiu as suas pisadas, dedicando a sua atividade profissional ao Museu Nacional de Arte Antiga de que foi Conservador e Diretor.

Em 1936/37 iniciou a construção, segundo esboços de sua autoria, da casa em Castelo de Vide, em terrenos confinantes com o seu avô, que hoje constitui a Casa-Jardim Mestre Ventura Porfírio, imóvel classificado de interesse municipal, no sítio da Torrinha, onde passou a residir permanentemente após a sua reforma.

Fez a instrução primária em Castelo de Vide e de 1918 a 1920 frequenta a Escola Industrial Fradesso da Silveira em Portalegre, após o que foi estudar na Escola de Belas Artes de Lisboa, de onde regressou ao fim de um ano que reprovou por faltas, ficando em Castelo de Vide a trabalhar como pedreiro nas obras de seu pai. Trabalhou depois no gabinete do Arquiteto Ernesto Korrodi em Leiria, frequentando nesta cidade também a Escola Industrial.

Em 1921/22, esteve algum tempo doente no Sanatório na Parede, regressando em 1923-24 à Escola de Belas Artes de Lisboa, com bom aproveitamento, sendo aluno de Ernesto Condeixa e Luciano Freire e travando amizade com Antero Ferreira e Waldemar da Costa.

Em 22/02/1925 faleceu inesperadamente o seu pai José Luís Porfírio, com 39 anos de idade.

Em 1926 foi estudar para a Escola de Belas Artes do Porto, mercê de uma bolsa de estudo a ele conferida pelo Grémio de Acção Municipal de Castelo de Vide, curso que conclui em 1937, com 18 valores. Entre 1935 e 1937 é bolseiro do Instituto de Alta Cultura, estudando em Madrid, Paris e Bruxelas.

Segundo a nota histórico-artística da Direção Geral do Património Cultural (DGPC) "Nos anos 30, Ventura Porfírio integrou o grupo "Mais Além", uma das raras, se não a única manifestação no âmbito das Artes Plásticas, da estética e do espírito de inquietação Presencista. O contacto com Alberto Serpa, José Régio, Adolfo Casais Monteiro, Augusto Gomes, Abel de Moura 0u Basto Fabião, figuras marcantes na vida intelectual do Porto, foram decisivos na sua formação. Nesta época desenvolveu uma pintura original, muito marcada por Vasquez Dias, pela estadia em Madrid, e ainda pelo contacto com o expressionismo Belga, em Bruxelas".

Em 1938 foi nomeado primeiro Conservador do Palácio de Queluz, que havia sofrido em 4 de Outubro de 1934 um grande incêndio e que, já com a sua intervenção, viria a abrir ao público em 1940 como Museu de Artes Decorativas, exibindo, em ambientes de época, coleções de mobiliário, pintura, cerâmica, ourivesaria, escultura e tapeçaria, provenientes na sua maioria da Casa Real.

Desde 1957, o Palácio de Queluz é também Residência Oficial dos Chefes de Estado, ainda hoje patenteando aquele património e atividades a que o Mestre Ventura Porfírio dedicou o seu labor ao longo de 33 anos, até à sua reforma em 1973 por motivo de doença, altura em que, regressado a Castelo de Vide, se dedicou à vida pública e cultural, prosseguindo a sua atividade artística e melhoramentos na sua casa e jardins.

Aquando da abertura ao público em 2017, daquele património de interesse municipal deu-se nota pública de que "Os jardins, fortemente influenciados pela experiência adquirida em Queluz, apresentam uma grande diversidade de espécies vegetais (da região e exóticas), que se desenvolvem numa sucessão de socalcos de pequena dimensão. Na Casa Jardim Mestre Ventura Porfírio vai ser possível observar o acervo artístico constituído por cerca de quatro mil desenhos, centenas de pinturas de autores nacionais e estrangeiros, bem como mobiliário de valor histórico".

A esse testemunho do enorme prestígio da obra deste ilustre Castelovidense, nos domínios da pintura, desenho, conservação e restauro e jardinagem, somam-se diversas intervenções feitas em património público e particular da sua Vila, como por exemplo, logo no ano de 1973 a remodelação da loja Sombrinha, em edifício exemplar de Arte Nova na Carreira de Baixo, construída para garagem segundo projeto de Ernesto Korrodi em 1919. À sua ida para o atelier de Leiria deste já então famoso arquiteto, vencedor em 1910 e 1917 do Prémio Valmor em dois edifícios de Lisboa, poderá não ser estranha a realização daquela contemporânea obra em Castelo de Vide.

Procedeu ao arranjo paisagístico e construção de fontanários no Penedo Monteiro e no Terreiro da Senhora da Penha, o que desenvolveu a par de uma vasta produção de pintura e aturados trabalhos nos jardins da sua casa.

Do seu labor foram também as pinturas murais do Salão Nobre da Câmara Municipal de Castelo de Vide, terminadas em 1990 e o desenho e projecto de túmulo do Castelovidense Capitão Salgueiro Maia, em 1992.
A dedicação e convívio com a sua gente de Castelo de Vide foi uma constante que todos recordam, muitos tendo por ele sido chamados a trabalhar no Palácio de Queluz, onde fizeram as suas carreiras.

Avesso a protagonismos, exposições individuais apenas foram realizadas postumamente. Em sua vida apenas se conhece uma exposição de que demos nota na efeméride de 28/9/1929 aquando da "realização no Grémio de Acção Municipal, duma exposição de pintura de dois filhos de Castelo de Vide: Maria de Lourdes Repenicado Mexia e António Ventura Porfírio. A exposição foi muito apreciada e encerrou-se a 5 de Outubro seguinte".

Mas as suas colaborações estenderam-se durante toda a vida, tendo por exemplo sido o autor da decoração dos salões da Misericórdia, na Rua de Santo Amaro e da Quinta do Cartaxo em 1966, muito elogiados por Amália Rodrigues quando ali atuou.

Faleceu em 8 de Novembro de 1998, sendo sepultado no Cemitério de Castelo de Vide.

Em 1956 obteve a 2ª medalha no Salão de Primavera da Sociedade Nacional de Belas Artes com um auto-retrato, com que ilustramos esta nota biográfica.


Bibliografia :
- Dois Séculos de Modelo Vivo 1765-1965. Porto : Ministério da Educação Nacional | Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes | Escola Superior de Belas-Artes do Porto, 1965.

- FRAGOSO, Diniz - Arte e Artistas - Uma exposição em Castelo de Vide. In A Voz. Lisboa, 13-10-1929.

- Grupo de Renovação Democrática - A Organização da Demografia - Manifesto Político. s/l : Editorial R. D., 1933.

- PORFÍRIO, José Luís; RIBEIRO, Rogério; ÁVILA, Maria de Jesus - Ventura Porfírio 1908-1998. Castelo de Vide : Câmara Municipal de Castelo de Vide, 2001.

- PORFÍRIO, Ventura - Desenho da capa da revista Presença, Folha de Arte e Crítica, Vol. 52. Coimbra, Julho 1938.

- PORFÍRIO, Ventura - Desenho, in Revista de Portugal, Vol1, nº2. Coimbra, Jan. de 1938, 170.

- RÉGIO, José - Tapeçarias de Portalegre. In Revista Turismo. 2ª Série, n.º 1, Lisboa, Outubro/Novembro de 1954, pp. 57-64.

- SERRANO, Amador; LEÃO, Fernando da Cunha - Exposição dos trabalhos de Maria de Lourdes R. Mexia e Ventura Porfírio do Grupo + alem... e Pensionista do Grémio de Acção Municipal na Escola das Belas Artes do Porto. Castelo de Vide : Tipografia Castelovidense, 1929.


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