Início | Efemérides
Tamanho de letra normal Aumentar o tamanho de letra Diminuir o tamanho de letra
Pesquisa de Efemérides
Pesquisa geral
Dia
Mês
Ano
Ordenar por
 
[limpar dados]

12/4/1911

João António Gordo, castelovidense que pelos seus méritos se distinguiu na sua terra, nesta data envia ao ministro das Finanças uma extensa e bem elaborada exposição acerca do seu problema profissional na Alfândega da Beirã.


Gravemente e por muito tempo lesado nos seus direitos, na sua justa remuneração e até no seu amor próprio, João Gordo lutou durante anos contra a injustiça de que era vítima, ao ser sistematicamente preterido, sem fundamento legal algum, por um cidadão espanhol, residente em Valência de Alcântara e ali despachante aduaneiro.

Com a clareza da sua escrita, a exposição em causa é o fiel retrato de uma ignóbil situação por ele vivida e sofrida. Nela se pode ler a dado passo: 

"Por que artes o lugar de “agente” aduaneiro da Companhia passou do espanhol Laureano Fernandes para o espanhol Puebla de la Torre, não foi ao signatário dado sabê-lo, ainda que lhe é fácil supô-lo.

Queixou-se à Companhia, fazendo chegar às mãos do director-adjunto Vasconcelos Porto, que então substituía o director Leproux, uma exposição escrita do procedimento do "agente" Fernandes, que vendera o lugar ao espanhol Puebla, oferecendo ao mesmo tempo vários documentos que provavam a culpa daquele. Perdido tempo foi esse, mesmo o que o signatário gastou com um homem que fora ministro de um partido que tanto alardeara a sua honestidade administrativa. A Companhia Real, ou melhor, a sua direcção não o quis ouvir! Decorridos poucos meses, o caso feria de morte o espanhol Puebla de la Torre, antigo despachante ilegítimo, que por fim comprara o lugar de agente aduaneiro da Companhia. Novamente o signatário se dirigiu à mesma Companhia, desta vez requerendo-lhe que o nomeasse seu agente, visto que, segundo a lei, só os despachantes oficiais podiam despachar. Ainda outra vez foi tempo perdido, e o signatário viu então uma das coisas mais revoltantes, que só um regimen administrativo sem pudor pode justificar: - na Delegação de Beirã surgiu logo a seguir, aclamado pela Companhia Real e coroado pelos altos poderes aduaneiros, um filho do falecido Manuel Puebla de la Torre, de nome igual ao do pai, e que para os efeitos desejados ali substituía o seu ambicioso progenitor!"


« voltar à página anterior