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4/3/1969

Nascido em Castelo de Vide, o Dr. Possidónio Mateus Laranjo Coelho, filho de António Joaquim Coelho e de Libânia d'Assunção Laranjo, faleceu neste dia em Lisboa, deixando viúva Maria da Conceição Ferreira Martinho Laranjo Coelho.


Sendo Castelo de Vide a sua terra natal, pois aqui nascera a 16 de Novembro de 1877, o Dr. Possidónio Mateus Laranjo Coelho, filho de António Joaquim Coelho e de Libânia d'Assunção Laranjo, faleceu nesta data em Lisboa, na Rua dos Ferreiros à Estrela, nº 69, 1º.

Batizado na Igreja de São João Baptista, sua freguesia, a 26 de Novembro daquele ano de 1877, recebeu o nome do seu avô materno, Possidónio Mateus, que foi o padrinho, sendo madrinha a avó paterna, Ana Fortunata.

Fez os seus primeiros estudos em Castelo de Vide, indo depois para Coimbra, levado por seu tio, o Prof. Dr. José Frederico Laranjo – casado com uma irmã de sua mãe – bacharelando-se em Direito.

Não é fácil resumir a importante biografia deste castelovidense ilustre, que entre os seus conterrâneos gozava de grande consideração, muito justamente devida pela lhaneza do trato, pela cultura e pela elevada categoria do seu saber.

Professor e publicista, Conservador do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, paleógrafo e diplomatista, historiador e ensaísta, em 23 de Abril de 1953 foi eleito Sócio Efectivo da Academia das Ciências, a ocupar a cadeira número 34, na vaga do Prof. Dr. José Maria Queiroz Veloso.

Por proposta do Dr. Júlio Dantas, passou a dirigir a publicação da Academia "Portugaliae Monumenta Histórica", desempenhando ainda nesta academia diversos cargos, entre eles o de Secretário.

Foi professor de Biblioteconomia e Diplomática na Faculdade de Letras de Lisboa, sócio fundador da Academia de História, que durante alguns anos dirigiu como presidente. Fez parte de vários institutos e associações de arqueólogos, tanto portugueses como estrangeiros.

Do seu incansável labor de investigador no domínio da história, deixou-nos, além de outros notáveis trabalhos dispersos por várias publicações, as seguintes obras:
"O Castelo e Fortaleza de Marvão" - Lisboa 1916; "Elucidário Breve de uma Visita a Marvão" - 1946; "Mousinho da Silveira" - 1918;  "Os Cardadores de Castelo de Vide" - Porto 1921;   "O Asilo de Cegos de Castelo de Vide" - Lisboa 1924; "A Pederneira" - Lisboa 1924;  "Terras de Odiana" - Coimbra 1924; "Inéditos de Mousinho da Silveira" - Coimbra 1925; "As Ordens da Cavalaria no Alto Alentejo" - Lisboa 1926; "A Biblioteca Municipal de Castelo de Vide" - Coimbra 1927; "Os Portugueses na Obra do Conde de Castries" - Coimbra 1928; "A Correspondência de Possidónio da Silva" - Lisboa 1936; "Fernão Lopes de Castanheda" - Lisboa 1932; "História do Descobrimento da Índia pelos Portugueses por Fernão Lopes de Castanheda" -  Revisão e anotação; "Cartas do Dr. Augusto Mendes Simões de Castro para o Arquitecto Possidónio da Silva" - 1935; "As Monografias Locais na Literatura Histórica Portuguesa" - Lisboa 1935; "Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira (Marquês de Nisa)"; "Cartas do Governador da Província do Alentejo a El-Rei D. Afonso VI" - Volume I e II, idem Volume III; "Cartas de D. João IV para Diversas Autoridades do Reino" ; "Cartas de El-Rei D. João IV para o Conde da Vidigueira" - Volume II; "Correspondência Diplomática de Francisco de Sousa Coutinho, durante a Embaixada na Holanda"; "Um Episódio da Guerra dos Holandeses no Brasil"; "Subsídios para a História da Delimitação da América Portuguesa, pelo Tratado de 1760"; "Subsídios para a Biografia de um Arquitecto do Mosteiro da Batalha e de um Pintor do século XVI"; "Notícia e Comentários de uma Viagem de Vespúcio"; "Intervenção de Junot no Real Teatro de São Carlos (Subsídios inéditos de um inexplorado arquivo particular)"; "Estudantes Portugueses em Paris nos fins do Século XVIII"; "Portugal e as Guerras entre a França nos fins do Século XVIII"; "Relações de Portugal com os Portos do Norte da França nos Séculos XVI e XVII"; "Duas Figuras do Reinado de D. João III"; "Subsídios para a História da Princesa D. Joaquina, Mãe de El-Rei D. Sebastião"; "Três Médicos Cientistas Naturais de Castelo de Vide" - Coimbra 1953; "Uma Data Notável nos Anais de Portalegre - A Nova Cidade, A Nova Diocese (Século XVI)" - Coimbra 1952; "Elogio Histórico de José Maria Veloso"; "O Bispo Missionário Fr. Rafael de Castelo de Vide" - Lisboa 1959; "Resposta ao Recipiendário Reverendo Dr. António da Silva Rego, sucessor na Academia de História como académico do número do académico Jordão de Freitas"; "O Santo Ofício no Alto Alentejo" - Lisboa 1955; "No Primeiro Centenário do Asilo de Nossa Senhora da Esperança de Castelo de Vide"- Separata do jornal  "Terra Alta" do n.º 435 a 441 - Ano de 1965; "Uma Velha Indústria de Castelo de Vide (Subsídios para a sua história)" - Castelo de Vide - Separata de "O Castelovidense" - 1944; " O Brasão de Armas, o Selo e a Bandeira do Município de Castelo de Vide" - Separata de "Castelovidense"- 1944; "A Cristianização do Alto Alentejo e o Culto Mariano" - Nas Lendas, na História, nas Artes e na Poesia - MCMLXIII.

Possidónio Mateus Laranjo Coelho casou em primeiras núpcias a 10 de Setembro de 1910 com Joaquina Mateus Brás, sua conterrânea, filha de António Mateus e de Josefa Juzarte. A cerimónia teve lugar na pequena Igreja da Confraria do Coração de Jesus, em Castelo de Vide, e foi celebrante o Rev.º Padre Severino Dinis Porto, pároco da freguesia de São João Baptista e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide. O noivo era ao tempo professor do liceu da Lapa, em Lisboa, e 2º Conservador da Torre do Tombo. Deste matrimónio houve apenas um filho, Manuel Juzarte Laranjo Coelho, que não sobreviveu ao pai, pois faleceu a 30 de Abril de 1965. Tendo enviuvado, casou em segundas núpcias com Maria da Conceição Ferreira Martinho Laranjo Coelho, natural de Sedielos, concelho de Peso da Régua.

No seu testamento, datado de 19 de Outubro de 1968, e em  que institui sua única e universal herdeira sua mulher Maria da Conceição Ferreira Martinho Laranjo Coelho, legou à Câmara Municipal de Castelo de Vide a casa que era a sua residência nesta vila, na Rua Sequeira Sameiro, "(...) para a mesma Câmara o destinar e servir de residência e alojamento de magistrados da Comarca (...). Se, porém, a casa legada não puder ter esse fim, deverá a Câmara em tal caso, destiná-la a biblioteca, museu, exposições, conferências ou outros actos meramente artísticos e culturais com absoluta exclusão dos serviços burocráticos e de expediente de outras Repartições da mesma Câmara Municipal. (...). Este legado ficou sujeito ao encargo da Câmara Municipal de "cuidar da boa conservação e limpeza do jazigo do testador no Cemitério da mesma vila".

Deixou ainda à Academia Portuguesa de História, da qual foi académico titular fundador, membro da Comissão Instaladora, Secretário Geral e antigo Presidente, dois prédios rústicos e um urbano no Concelho de Marvão, para que, com o rendimento dos mesmos a Academia instituir um prémio anual para o melhor trabalho de investigação e revisão de História Nacional, denominado Doutor Laranjo Coelho.

Instituiu ainda outros legados, de entre os quais foram legatários as Misericórdias de Castelo de Vide e Marvão, o Asilo de Nossa Senhora da Esperança e o Asilo Almeida Sarzedas, de Castelo de Vide.

O funeral realizou-se no dia seguinte, para o cemitério de Castelo de Vide, onde o seu corpo ficou em jazigo de família.


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