Distingue-se nesta data o audaz e prestimoso castelovidense João Barradas Muitopão, ao tempo vereador da Câmara Municipal. Apesar da carta régia e das instâncias do Corregedor, para aderir à revolução, a Câmara estava hesitante, receosa de que a revolução do dia 1 pudesse não vingar, e então João Barradas Muitopão fala ao povo. Arrasta-o consigo, trava duelo com o chefe do partido espanhol e, vencendo todos quantos se lhe opunham, avança para o castelo, que toma de assalto, prendendo umas centenas de castelhanos da guarnição. Apodera-se de armas e bandeiras, e Castelo de Vide expulsa assim o jugo castelhano, secundando a revolução que eclodira em Lisboa no dia 1 desse mês.

João Barradas Muitopão, natural de Castelo de Vide, como se disse, descendia de uma família brasonada e distinta pela sua nobreza e pelos seus feitos, servindo no político e no militar os lugares e postos mais distintos do governo, segundo a frase da própria carta do seu brasão de armas, família que viera para Portugal no tempo do Rei D. Afonso V e que em Castelo de Vide se ligou a membros das famílias Castelo Branco, Manso e Vidal.

O apelido Muitopão deriva de uma antiga alcunha da família, que depois se perdeu, talvez devido à sua própria singularidade como apelido.

O brasão dos Barradas era representado "em campo azul, cruz de prata cantonada de vinte vieiras cosidas de vermelho e recamadas de ouro, ficando cinco em santor a cada canto. Por timbre, aspa ou cruzamento de paus em forma de X, esgalhada de ouro, com cinco vieiras pendentes de esgalhos e uma delas, a central, no cruzamento".