Francisco José Lahmeyer Bugalho era natural do Porto onde nascera, na Freguesia do Bonfim, a 26 de Julho de 1905. Era o primeiro filho de Francisco José Bugalho, natural de Castelo de Vide, e de Sofia Sarmento Lahmeyer Bugalho, do Porto.

Teve dois irmãos: o médico dr. Adolfo João Lahmeyer Bugalho, que durante longos anos exerceu clínica em Castelo de Vide, e Isabel Maria Lahmeyer Bugalho, que faleceu muito nova.

Sendo seu pai de Castelo de Vide, aqui tinha a família a sua casa e aqui se vinham passar as férias, e nesta vila tinha  portanto grande parte das suas raízes familiares e afectivas.

Feitos os primeiros estudos no Porto, iniciou o curso universitário em Coimbra, mas vindo a licenciar-se na Faculdade de Direito de Lisboa em 1933.

Em Castelo de Vide se radicou como chefe da Secretaria Judicial, e desde 1938, como conservador do Registo Predial. Simultaneamente dedicava-se à lavoura, sendo personalidade de destaque na vida local. Entre outros cargos e serviços que prestou a Castelo de Vide, contam-se a direcção do Grémio da Lavoura, membro do Conselho Municipal e provedor da Misericórdia,lugar que teve de deixar por motivo da doença que acabaria por vir a vitimá-lo.

De forte temperamento e de uma fina sensibilidade, Francisco Bugalho ocupava-se, a par duma intensa vida interior, com grande determinação nas diversas actividades a que se dedicava. 

Quando em Coimbra, relacionou-se com o grupo literário da "Presença", onde colaborou e se relacionou com outras figuras da vida literária de então, como José Régio e Branquinho da Fonseca.

Veio assim a distinguir-se  no campo das letras, publicando livros de poemas: Margens, 1931; Canções de Entre Céu e Terra, 1940; Paisagem, 1947 e, postumamente, "Poesia", com prefácio de José Régio, 1960 e "Poesia de Francisco Bugalho", com um prefácio de Joana Morais Varela, com interessantes fotografias e organização de Luis Manuel Gaspar (também autor das ilustrações), João Filipe Bugalho, Maria Jorge, Luis Amaro e Diana Pimentel. Deixou ainda colaboração dispersa em revistas e jornais, designadamente na imprensa local, como em "Terra Mãe" e "O Castelovidense".

Traduziu "Flecha Negra", de R.L. Stevenson e "A Casa das Sete Empenas", de Nathaniel Hawthorne.

Diogo Salema Cordeiro


Nota: O poema "Obsessão", do livro "Margens", foi cantado por Amália Rodrigues, com música de Carlos Gonçalves. Trata-se da última faixa do album com o mesmo nome, editado pela EMI-Valentim de Carvalho, em 1990. Uma versão em CD foi editada em 1998 pela DRG Records Incorporated, New York, com a referência LC5866, do qual se obteve a presente gravação.