António Vicente Raposo Repenicado nasceu em Castelo de Vide, na freguesia de Santa Maria da Devesa, em 18 de Julho de 1891, filho de João António Repenicado e de Ana d´Anunciada Raposo Repenicado. Era neto paterno de António José Repenicado e de Maria de Alegria Manso, e materno de Vicente Rodrigues Raposo e de Maria da Assunção Mouta. Foi batizado a 3 de Outubro do mesmo ano, sendo padrinhos o avô materno e Maria da Assunção Repenicado. Celebrou o baptismo o Vigário António José Ferreira da Trindade, pároco da freguesia. Exerceu em Castelo de Vide o cargo de Conservador do Registo Civil e em 1959 também o de Conservador do Registo Predial.

Participou interessadamente na política e na vida das instituições locais, coligindo e estudando pacientemente, durante longos anos dados históricos respeitantes à sua terra. O seu arreigado e actuante bairrismo e a dedicação a investigações da história local ficaram assim marcando a sua personalidade.

Publicou na imprensa local interessantes trabalhos, alguns dos quais editados depois em separatas, e colaborando em quase todos os jornais editados em Castelo de Vide.

Em separata, como se disse, deixou nos os seguintes trabalhos: "Relação de sucessos históricos, notícias e acontecimentos políticos, administrativos, sociais e outros da notável vila de Castelo de Vide" (rubrica de Terra Alta, que continuou depois publicando); "Breve roteiro da notável vila de Castelo de Vide “; "Da notável vila de Castelo de Vide   Apontamentos"; "Castelo de Vide, nas letras e nas ciências". 

Não caberiam neste resumo biográfico todos os passos e intervenções que teve na vida do concelho; limitamo-nos, assim, a incluir apenas algumas notas da actividade do Senhor Raposo, nome por que era habitualmente conhecido e tratado.

É sob a direcção de António Vicente Raposo Repenicado e de Francisco Borges Tristão que em 14 de Julho de 1918 reaparece o periódico local "O Povo". Era a 2ª série desta publicação. Intitulava-se "defensor incansável do engrandecimento desta linda terra e pugnador entusiasta da República”.

Em 25 de Junho de 1920 a Câmara Municipal de Castelo de Vide nomeia a Comissão de Vigilância e Defesa do Castelo. Com João António Gordo, Joaquim Alfredo da Costa Pinto, e José Lins, dela ficou fazendo parte António Vicente Raposo Repenicado.

Foi responsável com Alexandre Cordeiro, em que era administrador e editor, pelo mensário "Terra Mãe", órgão do Grémio de Acção Municipal, publicação que teve muito curta vida, saindo apenas onze números (não datados, anos 1927 a 1929).

Em 16 de Março de 1930 sai o 1º número do semanário local "Folha do Leste", e é seu redactor principal António Vicente Raposo Repenicado, propriedade da tipografia Castelovidense e editado por Júlio José Rabaça. Publicou-se até 10 de Fevereiro de 1935, por fim com periodicidade quinzenal.

Por deliberação camarária de 21 de Abril de 1944, é nomeado e integra uma comissão constituída pelo Dr. Possidónio Mateus Laranjo Coelho, Dr. Adolfo João Lahmeyer Bugalho e por ele próprio, encarregada do estudo do Selo e da Bandeira da Câmara Municipal. Da conclusão desse estudo, em 1 de Junho de 1945 inaugurava-se solenemente nos paços do Concelho a Bandeira do Município.       

Em 9 de Abril de 1913 casou, na cidade de Portalegre, com Maria Ester da Conceição Cassola, natural de Portalegre, de quem houve apenas uma filha, Adelaide da Assunção Cassola Raposo, que casou em primeiras núpcias com Manuel Rolo da Gama Lobo Salema e em segundas núpcias com Fausto Alves Caldeira.

Com 82 anos incompletos, no estado de viúvo, faleceu na sua casa, na rua 5 de Outubro (Rua dos Escudeiros), em Castelo de Vide, no dia 17 de Março de 1973.

Diogo Salema Cordeiro