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6/11/1959

Faleceu o Dr. Francisco Maria Beliz, natural de Castelo de Vide. Formado em Direito em 1926, colaborou em vários jornais e publicou: "O Pensamento Integralista" (sob o pseudónimo de Fernão da Vide), e mais tarde “Fumo do Lar”, entre outros.


Com 68 anos de idade, faleceu nesta data o Dr. Francisco Maria Beliz, sendo sepultado no dia seguinte no Cemitério de Castelo de Vide, fechando a urna seu primo Amável das Dores Beliz.

Nasceu na Rua do Marmelo, em Castelo de Vide, freguesia de Santa Maria da Devesa, no dia 22 de Dezembro de 1890. Era filho de José Manuel Beliz, natural da freguesia de São Tiago Maior, de Castelo de Vide, e de Ana Desidéria Madeira, natural da Escusa, freguesia de São Salvador da Aramenha, do concelho de Marvão, neto paterno de António das Dores Beliz e de Ana Teresa Vaqueiro, e materno de Francisco Maria Madeira e de Antónia Júlia Marques.

Baptizado a 29 de Abril de 1891 em Castelo de Vide, aqui passou a sua infância, e aqui concluiu a Instrução Primária em 1902, por habilitação do Professor António Maria Ribeiro.

Distinguindo-se desde logo pela sua inteligência, e depois de concluir a instrução primária em Castelo de Vide, entra no ano seguinte no Seminário de Portalegre, onde se mantém até 1909 e onde faz os preparatórios. Porém, não era a vida eclesiástica a que seguiria. Em Lisboa, para onde se dirigiu nesse mesmo ano, fez o Curso dos Liceus, que terminou em 1912.

Depois de cerca de um ano na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, desistiu do curso e é nomeado escrivão de direito da Comarca de Avis, ali se conservando até 1917.

Regressado a Lisboa, empregou-se nos escritórios da Companhia Lusitana de Conservas, recomeçando simultaneamente os estudos superiores na Faculdade de Direito de Lisboa, curso que terminaria em 1926, tendo muitas vezes por companheiros de estudo o Dr. José Manuel da Costa e o Dr. Manuel Ferreira Rosa.

Foi durante esta sua permanência em Lisboa que conheceu António Sardinha, com quem colaboraria intensamente na fundação e desenvolvimento do Integralismo Lusitano, constando do seu espólio, a este respeito, numerosas cartas e documentos inéditos.

Mas o Dr. Francisco Beliz dá novo rumo à sua vida. Em 1928 instala-se em Mirandela, como advogado, de sociedade com o Dr. Abel Múrias e por influência deste, que era transmontano, e depois em colaboração com o Dr. Joaquim Trigo de Negreiros, então exercendo a advocacia em Valpaços.

Diversas circunstâncias foram levando o Dr. Francisco Beliz a dar de quando em quando nova orientação à sua vida, que foi sempre de trabalho, sobrecarregada de canseiras e alguns desgostos, tão penosos para o homem emotivo e afável que era. Carácter íntegro e cumpridor, zeloso e esclarecido nas várias ocupações que teve, resolve sair de Mirandela em 1937, cidade onde exerceu os cargos de Chefe da Secretaria Judicial, Administrador do Concelho e de Presidente da Comissão Concelhia da União Nacional, tendo sido nomeado sócio honorário da Associação Comercial e Industrial daquela vila.

1º Oficial da Secretaria Administrativa da Relação do Porto, o Dr. Francisco Beliz fez também parte naquela cidade, em comissão de serviço, da Comissão Reorganizadora da Indústria de Chapelaria, desempenhou as funções de Secretário do Governador Civil do Porto e, mais tarde, as de Governador Civil Substituto.

Assistente dos Serviços de Acção Social e Chefe de Secção do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, Secretário do Subsecretário das Corporações e Previdência Social, Chefe de Gabinete do Subsecretário da Assistência e Chefe de Gabinete do Ministro do Interior, foram ainda outros cargos que exerceu.

Em 1954 tomou posse do lugar de Chefe dos Serviços Administrativos da Imprensa Nacional de Lisboa, ocupando durante alguns meses o lugar de Administrador na mesma Imprensa Nacional.

Casou em 1918 com Maria da Assunção Cordeiro Malato, de Castelo de Vide, filha de José Maria Malato e de Mariana Júlia Cordeiro, havendo do casamento dois filhos: José Vicente Cordeiro Malato Beliz (1920-1993) e Maria Helena Cordeiro Malato Beliz (1922-1939).

A morte da sua mulher, com apenas 43 anos e o tão prematuro falecimento da filha, em Novembro de 1939, com 17 anos, foram desgostos que muito marcaram a sua personalidade sensível e afectiva.

Entretanto, com dois filhos ainda crianças, que requeriam tempo e cuidados, e sobrecarregado com trabalho, e ele próprio com 42 anos resolveu voltar a casar. Antónia Cândida Teixeira, natural de Mirandela, foi a sua segunda mulher, casamento que se realizou em 1932, em Braga e de quem não houve descendência.

Além de numerosa e variada colaboração em vários jornais e revistas, incluindo na imprensa local e regional, publicou: em 1923, em Lisboa, com o pseudónimo de Fernão da Vide, o volume doutrinário intitulado "O Pensamento Integralista", em 1939, no Porto, uma colectânea de versos intitulada "Fumo do Lar", assinada pelo próprio, e de novo em Lisboa, no ano de 1950, reuniu num pequeno livro intitulado "Temas de Moral Corporativa", com o pseudónimo Telo da Vide, uma série de artigos que tinha publicado no "Diário da Manhã".

Do seu espólio fazem parte numerosas poesias inéditas e escritos de índole doutrinária, bem como um novo volume de poesias, a que deu o título de "Nuvem de Incenso", pronto a ser publicado, e que ultimara nas suas derradeiras semanas de vida.

Por ocasião do seu falecimento, escreveu o Dr. Dias Loução: "Não só pela inteligência, mas ainda pela sensibilidade, vê-se que Francisco Beliz acolhera com entusiasmo o preceptorado e a disciplina mental dos mestres do Integralismo Lusitano, principalmente de António Sardinha. Em "Fumo do Lar" paira o espírito e a emoção lírica do poeta da "Epopeia da Planície", a dos "Poemas da Turbação e da Boa Estrela". Castelo de Vide guarda hoje na sua necrópole mais um filho que se ilustrou, pela pena, nas pugnas do pensamento e no nobre cultivo das musas. Tem Francisco Beliz a jazida final na terra onde tremulou a luz da velha candeia e subiu aos céus o fumo do lar em que nasceu."


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