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3/7/1941

Realiza-se um espectáculo de teatro a favor da Misericórdia. Actores amadores de Castelo de Vide levaram à cena a peça "Casar mais um”, de autor desconhecido, e a revista "Com o Andar dos Tempos", da autoria de quatro rapazes deste grupo cénico.


Foi uma divertida noite a que nesta data, uma quinta-feira, se passou no Cine-Teatro Mousinho da Silveira, em Castelo de Vide. Realizava-se uma récita a favor da Santa Casa da Misericórdia da vila, que com bastante tempo o Grupo Cénico, de formação recente, totalmente constituído por amadores, vinha já preparando.

Com a casa à pinha, o espectáculo, nesta sua primeira apresentação, começou cerca das 22 horas, surgindo no proscénio a Mesa da Misericórdia acompanhada do Presidente da Câmara Municipal, que saudou o público e o grupo de artistas amadores. A representação iniciou-se então com a peça em dois actos "Casar mais um", uma engraçada comédia de autor desconhecido. Não podia ser mais estreita a ligação entre a assistência, atenta e interessada, e a acção que no palco se ia desenvolvendo. O intervalo foi curto, mas grandes os aplausos, que redobraram no fim da peça.

Aguardada com expectativa, seguiu-se a anunciada revista "Com o Andar dos Tempos", da autoria de quatro rapazes do Grupo. A animação ia subindo na sala e os aplausos já não eram só homenagem ao espectáculo e aos artistas; eram com os ditos e as gargalhadas uma manifestação do grande divertimento que ali se vivia. Sucediam-se os quadros, com alusões e piadas a assuntos da vida local, os números musicados, os coros e os bailados. E foi já depois das duas horas da madrugada que, com grandes ovações, terminou o espectáculo.

Foram actores: Maria Gertrudes Roxo, Ludovina Roxo, Emília Soares, Antónia Manso, Alegria Celeste Alvarrão, Maria Teresa Oliveira, João de Alegria Quintans, Alberto da Assunção, António Maria Miranda, António Rainho, Armando Soares, João Transmontano, Francisco Nacarino Ribeiro e Amadeu Ferreira. Colaborou como ponto Armando Óscar Maniés.

Alguns destes amadores actuavam pela primeira vez, enquanto outros já anteriormente tinham mostrado os seus talentos e o gosto pelo teatro. Destacavam-se entre todos, Alberto Maria da Assunção e João de Alegria Quintans. A este, ao João Quintans, por graça mas elogiosamente, chamavam o "Alves da Cunha de Castelo de Vide", dado o seu invulgar talento demonstrado já em peças anteriores. Era geralmente conhecido por João Laureano, por influência do nome do pai.

Salientaram-se ainda Maria Gertrudes Roxo e António Maria Miranda cantando com grande à-vontade e agrado do público. Antónia Manso cantando alguns números e Emília Soares no papel central da peça.

Incansável, António Rainho foi o animador do grupo e a quem não faltavam também notáveis dotes artísticos.

A orquestra era constituída por João Alexandre Azevedo e Mateus da Cruz Maniés, violinos; Alfredo Sempiterno, saxofone; Manuel da Estrela Azevedo, piano; Júlio do Nascimento Chaves, clarinete; José Chaves, contrabaixo; João Farinha, trompete; João Leitão, trombone; e Alexandre Miranda, clarinete baixo.

Manuel Rodrigues dirigiu e ensaiou, com a colaboração do maestro António Fernandes que se encarregou de toda a parte musical.

Adolfo Lahmeyer Bugalho concebeu e João Baptista Leitão pintou os cenários, e Júlio José Rabaça fez a caracterização dos actores.

Diversas foram as motivações para a formação do Grupo Cénico: o gosto por esta expressão artística, com tão boas tradições em Castelo de Vide, o divertimento com a sua organização e com os ensaios, mas também uma forma de contribuir para uma obra de solidariedade, neste caso a da Santa Casa da Misericórdia.


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