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19/5/1934

A abertura da época termal deste ano em Castelo de Vide foi o primeiro acto oficial da nova Administração da Empresa com muitos convidados e um solene banquete no Hotel das Águas, seguido de baile de gala.


A abertura da época termal deste ano em Castelo de Vide, foi o primeiro acto oficial da Administração da Empresa das Águas Alcalinas Medicinais de Castelo de Vide, que entrava agora numa nova fase da sua existência.

Depois de alguns anos de enormes dificuldades económicas, atingindo uma situação praticamente de insolvência, alguns castelovidenses tinham adquirido recentemente a maioria das acções da Empresa e liquidado os seus débitos. Começava-se agora com entusiasmo uma vida nova. Mas este acto oficial incluía um relevante acontecimento que, transcendendo mesmo os interesses da própria Empresa e o início da época termal, representava para Castelo de Vide marco importante do seu desenvolvimento: reabria neste dia o "Hotel das Águas".

O esplêndido edifício, agora Hotel das Águas, fora construído no século passado e destinado ao Asilo do Espírito Santo para a Infância Desvalida. Porém, aquela Instituição, que depois se passou a denominar Asilo Almeida Sarzedas, debatendo-se com enormes dificuldades financeiras, transferira-se alguns anos antes para o edifício anexo, onde funcionava o seu Albergue dos Inválidos do Trabalho, arrendando à Empresa das Águas, para hotel, o magnífico imóvel que até então fora a sua sede e lar das crianças que vinha acolhendo.

Numa feliz adaptação deste edifício, de fachadas revestidas a azulejo, o hotel tinha no primeiro piso, além da recepção, a ampla sala de jantar, com janela para o Parque, as salas, alguns quartos, a cozinha e outras dependências. A maior parte dos quartos situava-se no segundo piso que, como quase todo o Hotel, tinham óptimas vistas para a Serra e para a vila.

A entrada principal era de frente para a Estrada Nacional, por um portão, junto à estrada, aberto no muro com gradeamento que cercava toda a área do logradouro Hotel. Num primeiro plano tinha o pequeno jardim com a casa do guarda-portão, do qual se subia para a larga esplanada com palmeiras e através da qual se chegava à recepção.

Esta unidade hoteleira, nas curtas décadas da sua existência e malgrado períodos conturbados por dificuldades económicas, fez história, não só economicamente como hotel das termas e de turismo, mas também na vida social de Castelo de Vide e da região. Ali se realizaram festas, muitas delas na esplanada, banquetes, tardes e serões de convívio. Ali recebeu Castelo de Vide muitas individualidades, particulares ou oficiais.

Como convidados para esta solene inauguração da época termal e reabertura do Hotel das Águas, partiram de Lisboa em carruagem reservada, atrelada ao "Correio de Madrid", o Dr. Ferreira da Costa, Director do Banco Pinto & Sotto Mayor e Professor do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, Visconde de Sanches de Baena, Dr. Mário Teixeira Bastos e filha, M. Ezaguy, Dr. Bettencourt Machado, Dr. Álvaro de Sousa Ramos, Dr. Manuel Barbosa, Dr. Raul Valentim Lourenço, do Banco Pinto & Sotto Maior e Director da Escola Comercial Veiga Beirão, Dr. Godinho de Oliveira, Dr. Jorge Falcão, Dr. Rafael de Morais, Dr. Correia Ribeiro, Dr. Virgílio Nunes, Dr. Luís Pimentel, Pedro Bohm, Gerente do Banco Pinto & Sotto Maior, Dr. João Vasconcelos, Dr. Paradela de Oliveira, Dr. Fernando Pereira, Alfredo Vieira Pinto, do Conselho de Administração do "Diário de Lisboa", com sua esposa e filha, José Bernardo Alves, Capitão Santos Silva, Nestor Egrejas, Joaquim Abreu, Joaquim Elias, Felix Correia, do "Diário de Lisboa", Amadeu de Freitas, (filho), do "Diário de Notícias", José Barão, do "Século", Daniel Martins, Lucílio de Gusmão, Homem de Brito, etc.

Na Estação de Castelo de Vide, os visitantes eram aguardados pelas autoridades locais, que apresentaram cumprimentos, seguindo de imediato para a vila e directamente para o Hotel das Águas, onde no jardim da entrada tocava a fanfarra do Asilo de Cegos de Nossa Senhora da Esperança.

Mostradas as recuperadas instalações hoteleiras e apreciado todo o espaço envolvente, os hóspedes descansaram um pouco e ocuparam os aposentos que lhes estavam reservados.

Cerca das 22 horas iniciava-se o banquete, durante o qual se fez ouvir uma orquestra. Além das autoridades locais e dos convidados recém-chegados de Lisboa, tomaram parte de Portalegre os Dr.s João Franco e Joaquim Pimentel, Joaquim Alves de Sousa, Eng.º Maldonado, Frederico José Torres Mourato, Dr. Honório de Freitas, Adriano Tapadinhas, e de Castelo de Vide, Ester Raposo Repenicado, Maria Luísa Rolo Salema de Carvalho Cordeiro, Ana Repenicado Gordo, Luísa Mouro Canário, Dr. Carlos Barata Pinto Feio, Dr. Eugénio Pimentel, Dr. Gonçalo Bandeira Pessanha, Eduardo d'Alegria Ramos Gasalho, João Maria Mourato, Joaquim Alfredo da Costa Pinto, Dr. José Godinho Neves, Mateus da Cruz Maniés, Manuel Rolo da Gama Lobo Salema, João António Gordo, Pedro d'Assunção Canário, Adolfo Marmelo, Alfredo Victor Le Cocq, Francisco Vellez Tavares, José Cristóvão da Costa, Felix d'Alegria Tomaz, José Máximo Canário, Júlio Transmontano, Dr. António José Abelho Mexia, Alexandre Óscar Durão de Carvalho Cordeiro, Dr. José Vicente Branco do Casal Ribeiro, Fernando Tavares, António Vicente Raposo Repenicado, etc.

Durante o banquete, que decorreu animado e bem servido, falou em primeiro lugar Alfredo Víctor Le Cocq, Vice-presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, seguindo-se António Vicente Raposo Repenicado, Administrador Delegado da Empresa, usando depois da palavra o Dr. Ferreira da Costa, Homem de Brito e, num improviso, o Dr. Correia Ribeiro.

Pouco depois começava o baile de gala, em que se via grande número de famílias da sociedade local. O serão foi animado, tendo cantado o Dr. Paradela de Oliveira e feito várias imitações Daniel Martins, que imitou, entre outras personalidades conhecidas, os actores Chaby Pinheiro, Silvestre Alegria, Adelina Abranches e António Sacramento.
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