Como aconteceu por todo o País e Península Ibérica, também Castelo de Vide, a Póvoa e Meadas e, duma maneira geral todo o concelho, sofreram neste dia os efeitos de um forte ciclone.

Era sábado. Cerca do meio-dia uma tempestade, com ventos ciclónicos, desencadeou-se com furiosa violência. Grandes massas de ar animadas de enorme velocidade fustigaram, durante cerca de doze horas todo o casario da vila, as suas ruas e jardins, bem como toda esta região. Foram muitas as casas que ficaram bastante danificadas, mas em quase todas se viam evidentes sinais do forte ciclone. Os cruzeiros das igrejas de Santa Maria da Devesa e do Convento de São Francisco foram arrancados das respectivas frontarias, caindo por terra. A maior parte das igrejas sofreu também apreciáveis danos, tendo rebentado na de São João todas as janelas, e sendo arrebatadas dos seus lugares as imagens e objectos do culto; na de São Tiago Maior o telhado ficou em péssimo estado. Igualmente nos hotéis e nos edifícios públicos se registaram graves consequências.

Por volta da meia-noite cessou a impetuosa tormenta, e Castelo de Vide encontrava-se sem electricidade e sem telefones.

Na manhã seguinte a vila e os campos apresentavam um desolador aspecto. Os pavimentos das ruas e praças estavam juncados de pedaços de telhas, vidros, caliça e destroços de todo o género. No Parque João José da Luz e nos outros jardins, além de outras devastações, havia árvores tombadas, muitas arrancadas pela raiz. Em todo o concelho os prejuízos nos campos foram avultados e particularmente gravosos nos olivais e nos soutos.

O fornecimento de corrente eléctrica só viria a ser reposto na segunda-feira seguinte, demorando mais alguns dias a normalização do serviço telefónico.